Powered By Blogger

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Eu sei, já não há mais razão pra solidão.

"Viverei cada passo dos seus planos e viverei mais feliz"

    Era mais uma manhã de outono, aparentemente como outra qualquer. A noite anterior não tinha sido das melhores, afinal mal havia pregado os olhos. A causa disso eram terríveis pesadelos, que perturbavam meu sono, fazendo-me acordar extremamente agitada, algumas vezes até gritando.
Encontrava-me sentada na varanda de minha casa, trajava um xale preto de lã por cima do pijama, rosa claro de frio. Tomava meu chocolate quente matinal, mas este se encontrava com um gostinho especial; talvez fosse pelas raspas de chocolate ao leite que misturei a ele. Fui logo a primeira xícara que encontrei limpa, porque afinal a cozinha e todo o resto da casa estavam completamente bagunçados; uma verdadeira desordem.
O motivo de minha vida estar este maremoto era uma saudade monstruosa que me apertava o peito e, pouco a pouco dilacerava meu pobre coração. Com isso, permaneci quase totalmente exilada do mundo por exatamente duas semanas; desconectei os fios do telefone, deixei o celular em qualquer lugar, não via mais as pessoas que amava, ou seja,família e amigos. Sentia-me totalmente deprimida, acho que esse era o real motivo de não querer ninguém perto, afinal ninguém merecia ficar mal por minha causa. Talvez um pensamento totalmente errado, mais era assim que eu pensava. Nem o pobre Tom, meu filhote de Rusky, eu quis mais por perto, só lhe alimentava e dava-lhe água, nada mais. Estava decidida a ficar sozinha.
Permaneci na varanda, por aproximadamente uma hora ou mais, totalmente entregue as lembranças de um passado ainda presente. Algo que me fazia extremo bem relembrar, era o sorriso perfeito que Bruno esboçava ao me ver, o abraço caloroso e apertado, o brilho incandescente de seus olhos e o sabor de seu beijo suave. Bruno, era mais que um namorado,ele havia sido a minha vida durante os últimos anos. Posso afirmar até, que eu vivi os melhores momentos de minha vida ao lado dele, as melhores tardes enroladas num edredom cheirando amaciante sobre o sofá da sala, os melhores jantares com um bom vinho do Porto pra acompanhar, os melhores passeios pela praça Central... Ah foram tantas e tantas coisas vividas!Mas, acho que tudo o que passamos só teve real importância para mim, pois na primeira oportunidade de ir para Londres ele foi,me deixando aqui sozinha. Encontrei apenas um bilhete no criado mudo do meu quarto, dizendo que precisava ir e não queria incomodar meu sono. Até hoje não entendo como ele pôde fazer isso comigo, é muito cruel; eu dediquei minha vida a ele e foi assim que me retribuiu. Parei de me torturar com tudo isso, balancei a cabeça pra espantar os pensamentos e dei um longo suspiro dizendo a mim mesma, “Claire,não se torture mais,não vale a pena”.
Depois de todas as lembranças virem a tona outra vez e meu coração apertar ainda mais, resolvi voltar para dentro de casa. Parei na sala e dei uma olhada por toda aquela bagunça, fui pegando tudo que estava espalhado e colocando no lugar; fiz o mesmo com a cozinha. Tomei então a iniciativa de retornar a ligação de Rodrigo, um homem muito atraente que havia conhecido a duas semanas. Combinamos um jantar, ele passaria em minha casa e me pegaria as 20:00h, mal podia esperar por isso. Então resolvi ir para meu quarto, tomar um belo banho de banheira relaxante. Subi as escadas levemente eufórica, afinal a tempos eu não saia com um homem,ou melhor a muito tempo que eu não saia de casa.
Adentrei ao quarto e depois ao banheiro; tirei as roupas e joguei no cesto que se encontrava abarrotado de roupas sujas. Liguei as torneiras da banheira, enquanto a água ia tomando conta de todo o interior dela, aproveitei para limpar minha pele e passar uma mascara facial anti-rugas. Morar sozinha tinha suas coisas boas; ninguém me pegaria com o rosto todo verde parecendo um monstro de histórias infantis. Olhei a banheira e esta já se encontrava cheia, entrei nela delicadamente, sentindo a água quase quente, tocar minha pele. Peguei o controle do rádio que estava ao meu lado e coloquei em uma música qualquer,porém calma e que levasse embora todas as energias ruins que estavam sobre mim.
O banho durou tempo suficiente, para eu me sentir como se fosse outra mulher. Uma mulher mais livre, leve e solta eu diria. Enrolei-me no roupão macio e saio do banheiro sentindo-me muito bem, totalmente diferente da forma como me sentia a horas atrás. Ao som de Bella’s Lullaby,caminhei até meu closet em busca de algo bonito,de bom gosto de que me agradasse. Olhei as muitas peças de roupa, mas não havia nada que me agradasse; pensei um pouco e me lembrei que havia comprado, a alguma semanas atrás,um belo vestido. Procurei-o e lá estava ele, num cantinho, ainda com a etiqueta da loja; um dos vestidos mais caros e lindos que eu comprará na vida. Era vermelho sangue, uma cor que eu amo por sinal, com uma decote em V grande e ao mesmo tempo delicado, vinha na altura dos joelhos e tinha uma abertura na perna direita que ia até a coxa. Para combinar comprei uma sandália com salto fino e um tanto quanto grande, com uma pequena fivela de borboleta com strass. Sem duvida alguma, uma ótima combinação.
Coloquei-os sobre a cama e andei até minha penteadeira, onde se encontrava minha enorme maleta de maquiagens. Começei hidratando a pele, com um creme especial para peles oleosas que era o caso da minha; passei um pó em meu tom de pele, tirei todo o excesso com um pincel grande,escolhi uma sombra prata e branca,esfumacei os cantos dos olhos,fiz um leve traço com delineador,passei uma mascara para cílios com volume,usei o curvez para realçar ainda mais meus olhos e por fim um blush rosado. Era chegada à hora de me vestir para o tal jantar com Rô, a forma doce como eu o apelidara. O vestido realçava as curvas de meu corpo, e a abertura na coxa dava um ar mais sensual ao visual. Calcei as sandálias e voltei à penteadeira em busca de minha caixa de jóias, peguei um colar e brinco de pérolas. Olhei-me no grande espelho do quarto, estava realmente e inegavelmente linda. Escolhi um perfume próprio para noite e borrifei um pouco entre os seios, nos pulsos e um pouco no vestido. Faltava apenas o cabelo, não tão difícil para alguém que já fez cursos de penteados. Fiz um coque alto no cabelo, deixando a franja solta, prendi-o com uma presilha prata com algumas pedrinhas de strass branco e passei um pouco de fixador, para não correr riscos de ficar despenteada em meio à noite. Estava pronta, e em menos de 10 minutos Rodrigo estaria buzinando no portão, a minha espera. Escolhi uma bolsa pequena, contendo apenas os documentos, dinheiro, um gloss incolor e mais tardar as chaves da casa.
Desci as escadas,fui em direção a cozinha e encontrei Tom deitado num cantinho muito quetinho .Chamei-o dizendo que lhe daria comida, ele veio logo correndo, abanando o rabo na maior felicidade. Dei-lhe a ração e coloquei mais água em sua vasilha, pedi desculpas por tê-lo deixado tão sozinho e prometi que a partir daquele momento eu não faria mais aquilo. Ele apenas abanou ainda mais o rabo, mostrando-me que estava feliz em ter-me de volta.
Lavei as mãos na pia da cozinha mesmo, sequei-as num guardanapo e em menos de 2 segundos, pude ouvir a buzina do carro de Rodrigo. Sim, a hora chegara e eu estava completamente ansiosa para vê-lo.Despedi-me de Tom, pedi que cuidasse bem da casa e joguei-lhe um beijo. Abri a porta da frente e lá estava ele,ainda mais charmoso e lindo que dá ultima vez que nos vimos. Sem sombra de duvidas, Rodrigo era um homem que qualquer mulher sonha e, nesse instante ele era a minha realidade. Esboçou um sorriso delicado ao me ver e eu correspondi também com um sorriso e um aceno com a mão esquerda. Tranquei a porta e caminhei até perto do carro, ele me esperava ao lado da porta do passageiro. Olhou-me atentamente e disse:
- Como você está linda Claire, a mais bela da noite,com toda certeza.
Senti minhas bochechas corarem com o comentário, mas o agradeci dizendo:
- Muito Obrigada Rô, você também está perfeito e com o perfume que eu gosto.
Ele sorriu e também fez as bochechas corarem. Segurou minha mão e beijou-a com todo carinho, abriu a porta do passageiro pedindo que eu entrasse no carro. Sentei-me e ele logo fechou a porta devagar, em poucos instantes estava sentado ao meu lado,no bando do motorista,olhando-me fundo nos olhos e notando cada detalhe do meu rosto. Ficamos trocando olhares por alguns minutos, até que eu sorri com carinho e ele então perguntou se eu estava pronta para ter a melhor noite da minha vida. Obviamente a resposta foi positiva e assim seguimos para um restaurante italiano, que por sinal oferecia as melhores massas da cidade. Chegando ao local, Rodrigo abriu a porta e novamente segurou minha mão. Deixou as chaves com o manobrista e adentramos no interior do restaurante abraçados, feito um belo casal de namorados. Ele tinha muito respeito por mim, só abraçou-me porque eu havia deixado, caso contrario entraríamos normalmente. O Metre do restaurante nos recebeu, mostrando-nos a mesa que já havia sido reservada, ficava na parte mais aconchegante e delicada de todo o interior do estabelecimento.

Rodrigo então, puxou a cadeira para que eu pudesse sentar e eu lhe disse baixinho ao pé do ouvido:
- Sempre tão cavalheiro Rô.
Pude perceber um sorriso bobo em seus lábios, quase imperceptível. Sentou-se na cadeira a minha frente e o Metre entregou-nos o cardápio. Escolhemos Canelonis de frango ao molho branco e um vinho do Porto para acompanhar. Enquanto esperávamos, conversamos um pouco, uma conversa muito saudável e sincera. Conseguindo até me fazer rir; ora ou outra ele dizia-me algum elogio e eu retribuía com um sorriso carinhoso. Comemos, apreciamos o belo vinho que Rô havia escolhido e conversamos mais um pouco. Já era tarde da noite, mais a tínhamos muito ainda que fazer. Rodrigo, disse-me que tinha uma surpresa e que eu certamente gostaria dela. Esperamos o manobrista trazer o carro, enquanto isso, tínhamos nossas mãos entrelaçadas e eu sentia o carinho leve que Rodrigo fazia em minha mão. Dessa vez, não foi ele quem abriu a porta do carro, mas sim o manobrista; pude ver uma careta de desgosto em seu rosto e ri baixinho. Olhei-o delicadamente e em poucos minutos estávamos conversando animadamente, enquanto ele dirigia sem pressa pelas ruas já escuras da cidade. Minha imaginação estava a mil, tentando saber onde ele me levaria. Mal olhava o caminho, conseguia apenas prestar atenção aos traços perfeitos do rosto dele, a forma doce como falava, o perfume forte que se misturava ao meu, o sorriso bobo e um tanto envergonhado quando percebia que o estava observando atentamente. Quando dei por mim, estávamos em um lugar meio escuro, estranhei é claro, mas confiava em Rodrigo. Ele percebeu que fiquei meio apreensiva e disse:
- Acalme-se minha Clai, sua surpresa já está por vir.
Eu sorri um tanto quanto sem graça e acenei com a cabeça positivamente.
Rodrigo saiu do carro, caminhou até a porta do passageiro e estendeu a mão para que pudesse me guiar. Sai do carro segurando firme sua mão, sentindo o chão em desnível abaixo de meus pés; ele passou a mão por volta de minha cintura, me mantendo extremamente perto e firme. Com isso, nossos rostos ficaram muito próximos, senti uma onda de calor bom por todo meu corpo; Rodrigo exitou um pouco no início, mais logo percebeu que eu também queria tanto quanto ele aquele beijo. Roçou seus lábios delicadamente nos meus, segurou mais firme as mãos na minha cintura e então me beijou, com todo o carinho e delicadeza possíveis. Segurei seu rosto com as duas mãos, fazendo um leve carinho em suas temporas, com a ponta dos dedos. Foi um beijo calmo, delicado, com todo o respeito e totalmente inesquecível. Ao final dele, dei-lhe um selinho e esbocei um sorriso, ele fez o mesmo. Abraçou-me um tanto mais forte, encostei minha cabeça sobre seu peito, podendo ouvir as batidas de seu coração. Ele sussurrou baixinho em meu ouvido:
Em 3,2,1...
De repente todas as luzes da cidade se acenderam, formando lindos pontos de luz. Fiquei completamente maravilhada com tudo aquilo que estava presenciando. Rodrigo, olhou-me nos olhos e sorriu,retribui o sorriso com um beijo leve e selei seus lábios delicadamente. Então, ele tirou o blazer escuro que vestia e colocou sobre meus ombros. Permanecemos abraçados, um passando o calor do corpo pro outro, trocando carinhos, beijos, olhares e sorrisos. E dali em diante tentaria ser feliz outra vez, me entregando ao momento em que vivia e a pessoa maravilhosa que Rodrigo era.



                                            

Nenhum comentário:

Postar um comentário